Paulo Franke

26 julho, 2006

Minha visita aos Açores - Ilha de São Miguel



"No mar azul como os céus, a ilha verde a brilhar, quadro divino que Deus pintou na tela do mar!"
.



Sete Cidades, vilarejo situado no interior de uma imensa cratera vulcânica desativada, lugar incrivelmente lindo!!



Já nas Sete Cidades, parei para esta fotografia "encomendada".





Visitando minha família no Brasil, gostei muito deste quadro pintado por um talentoso sobrinho, que é também músico. Sabendo que era uma paisagem açoriana, fotografei-o pois tinha planos naquela altura de visitar os Açores.



Outra foto do mesmo casarão.

No interior da cratera.


Paisagem de "encher os olhos"!!

Crianças açorianas.


Lugares e vegetação...



... que muito me lembraram o Brasil!




Percebam a semelhança!




Belas portas açorianas!



O Museu do Emigrante




As pedras pretas...



... estão na maioria dos prédios


... e são lavas de vulcão.


Pitorescas ruelas!

Portugalilaiset löysivät Azorit 1427. Nyt on
suomalaiten aika.
(Os portugueses descobriram os
Açores em 1427. Agora é a vez dos finlandeses)

Assim anunciava o atrativo folheto, em finlandês, de uma agência de turismo que inaugurara há pouco a linha Helsinki-Ponta Delgada. Para mim - que não sou finlandês mas vivo no país
- estava ali a oportunidade de cumprir outro sonho ligado às minhas raízes, uma vez que com muita probabilidade os ancestrais de minha avó paterna e dos meus avós maternos tenham ido para o Brasil provenientes dos Açores. Antes mesmo de o avião aterrissar, comprovei a veracidade do verso de um poeta local: "No mar azul como os céus, a ilha verde a brilhar, quadro
divino que Deus pintou na tela do mar!" Pelo fato de que a navegação entre as ilhas ainda
não havia sido efetivada naquele mês de maio de 2005, limitei-me a permanecer na maior ilha do arquipélago, São Miguel, na cidade de Ponta Delgada.
.
Planejara visitar igrejas e ver livros de batismo com relação aos meus ancestrais, mas limitei-me a ir à biblioteca local, que possuía muito poucos dados; um certo livro me foi entregue, mas desisti da busca uma vez que suas páginas esfarelavam-se como bolacha cream-cracker. Admirei-me também com o fato de que praticamente não havia obras a respeito dos açorianos no Rio Grande do Sul, muito menos de que nossa capital gaúcha fora fundada por casais açorianos. Encontrei, sim, um livro de autor brasileiro com farta matéria sobre a colonização açoriana em Santa Catarina. Fonte de busca "infalível" é a lista telefônica. Levei a do meu quarto de hotel e tirei uma cópia das páginas do sobrenome Medeiros, inúmeras páginas, comprovando o que falavam: "Os Medeiros são da
ilha de São Miguel. Isso batia com um dado da nossa genealogia, de que um ancestral Medeiros
viera da ilha de São Miguel. Realmente, nas outras ilhas muito poucas ou nenhuma família
Medeiros. Aliás, quando me aguçara a curiosidade sobre a origem dos Medeiros, vivia na cidade de Fall River-MA, em cuja lista telefônica havia centenas de sobrenomes Medeiros, cuja razão me foi contada: a erupção de um vulcão na década de cinquenta fizera com que os governos americano e canadense abrissem suas portas aos milhares de açorianos atingidos pela catástrofe.
.
E os Barcellos, sobrenome de minha avó paterna? Na ilha Terceira, certamente a maior família, segundo a lista telefônica. Sem possibilidade de visitar a ilha mencionada, não lamentei uma vez
que possuo o livro "Adélia da Câmara Barcellos - Genealogia e História", de Ilka Neves, uma descendente dos Barcellos da ilha Terceira que escreveu sobre a genealogia de nossa família, com dados muito precisos devido às suas pesquisas in loco também nos Açores. Em seu livro consta também que somos descendentes de Fernão Dias Paes Leme (1608-1681), mostrando inclusive o quanto foi longe sua pesquisa.
.
Buscas genealógicas de lado pela quase total insuficiência de dados, havia muito o que ver na ilha de São Miguel e me envolvi em um turismo exótico e maravilhoso, constatando às vezes a semelhança entre a vegetação local e a brasileira, do outro lado do Atlântico. E menciono os banhos quentes em águas de origem vulcânicas, fotografar prédios erigidos com lavas vulcânicas empedradas, caminhar pelas ruas e admirar seus antigos prédios e visitar um dos lugares mais lindos que já vi nas minhas andanças pelo mundo: Sete Cidades!
.
O lugar, uma imensa cratera vulcânica desativada, abriga em seu interior um pacato povoado, um lago com suas águas na tonalidade azul-esverdeada, muitas árvores, tudo envolto em um silêncio só quebrado pelo canto dos pássaros. Distanciei-me do grupo e percorri aqueles caminhos sozinho, agradecendo a Deus pelas belezas que criou, e por mais essa que me fazia conhecer. Havia, no entanto, algo a fazer, uma vez que prometera ao
editor de uma revista cristã escrever um artigo sobre a minha viagem aos Acores. Após visitar
Sete Cidades, a inspiração veio aos borbulhões (como diriam os portugueses!) e, além de mencionar as belezas do lugar, escrevi isso:
"O coração humano pode ser comparado a uma cratera vulcânica que lança inesperadamente lavas de destruição, causando tanto dano no interior da pessoa e ao seu redor. Ao ter um genuíno encontro com Deus a cratera do coração torna-se desativada de muitos males e nele são operadas transformação, beleza de caráter, pureza, quietude e bênçãos aos que observam o novo cenário de nossa vida."
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

L i n k
.
Procure no Índice de todos os meus tópicos a postagem - de fevereiro/2010 -sobre o encontro inesperado nos Açores com uma cantora brasileira, Carmen Silva, e leia o seu maravilhoso testemunho de conversão.

17 julho, 2006

Visitando Hollywood













Janeiro - 1982 De passagem por Los Angeles, em viagem à Austrália, certamente que visitar a capital do cinema se constituía em um passeio nostálgico e obrigatório para mim.
Enquanto o carro do amigo que me hospedava corria a alta velocidade pela highway que nos conduzia à "cidade da ilusão", não pude deixar de lembrar-me do papel importante que o cinema e sua gente representavam para mim nos tempos da infância e adolescência. Ah, bons tempos, quando o cinema era não somente um entretenimento saudável - histórias inocentes de amor com o célebre happy-end, aventuras de piratas e cowboys, comédias sem apelacões - mas também uma escola, onde episódios da história da humanidade, vidas de pessoas célebres e mesmo producões bíblicas eram auxiliares valiosos na formacão cultural e até espiritual da mocidade. Ah, saudosa década de 50!
"Já estamos em Hollywood!" anunciou meu amigo, diminuindo a velocidade e apontando para o nome da cidade sobre a colina. No meu coracão a velocidade aumentava...
A certa altura da Hollywood Boulevard decidimos descer do carro, percorrendo-a a pé, uma caminhada bastante lenta pelo reconhecimento, a cada passo, de nomes de artistas famosos inscritos em dourado dentro de uma estrela na calcada. "Você conhece mais acerca de Hollywood do que a maioria das pessoas que aqui residem!", exclamou meu amigo.
Logo, minha atencão voltava-se para o Chinese Theater e seu chão famoso pelos autógrafos e marcas de pés e mãos dos atores e atrizes, gravados em cimento para a posteridade.
Não faltaram visitas aos estúdios da Universal, Fox e, em Culver City, ao estúdio da Metro Goldwyn Mayer, em outros tempos uma verdadeira fábrica de sonhos. O amplo estacionamento do estúdio praticamente vazio e silencioso falavam alto de um tempo que passou, de uma ilusão que acabou


O passeio, mais e mais nostálgico, estendeu-se por todo o dia, incluindo visita às mansões de Beverly Hills, residência de artistas famosos. O mapa fez-nos localizar exatamente a casa do artista conhecido, muitos ainda vivendo com suas recordacões no luxuoso bairro, alguns no maior ostracismo. E não faltaram fotos diante das casas de Doris Day, Eleanor Parker (foto abaixo), Louis Jourdan, Debra Paget, Robert Stack, Pat Boone e de tantos outros.



Então foi a vez de parar diante da casa de Robert Wagner, com muitos carros estacionados ao seu redor. Seriam de amigos levando-lhe conforto diante da morte de Natalie Wood, ocorrida no mês anterior?
Procurei sem sucesso achar as mansões de Gregory Peck e de Ava Gardner. Eles haviam sido os protagonistas de um filme que fez muito sucesso no meu coracão: "A Hora Final" (On the Beach), de 1959. Filme de ficcão-científica, passado na Austrália, para onde eu estava me dirigindo, em suas últimas cenas aparecem membros do Salvation Army (Exército de Salvacão) anunciando palavras de esperanca ao povo desesperado pela proximidade da nuvem radioativa que aniquilara a populacão do mundo inteiro e que agora atingia a Oceania. Recordo-me de quando, impressionado com o filme, ao sair do cinema com amigos, afirmei-lhes que um dia ingressaria naquele Exército de Salvacão, o que de fato aconteceu. Por essa e por tantas outras experiências, como deixar de amar a Capital do Cinema?
Para finalizar um dia inesquecível, fui levado ao Corpo do Exército de Salvacão em Hollywood. Outrora, naquele lugar que nossa organizacão adquirira recentemente, filmes eram exibidos e muitas vezes indicados para o Oscar, lugar onde famosos artistas entravam triunfalmente, sob aplausos de seus fans. Hoje, é um lugar para se adorar a Deus e fazer trabalho social para os necessitados. E ali nenhum ídolo é adorado e sim o Idolo máximo, Jesus, o Rei dos reis, o Senhor dos senhores!
Hollywood me fez recordar o passado mas também me fez agradecer pelo meu presente e futuro, uma vez que de forma tão grande influenciara minha vida jovem em um tempo quando precisava urgentemente de uma direcão sábia e sólida - e isso não foi nem é sonho ou ilusão.

(Artigo publicado em uma revista cristã, em junho de 1982)


O teatro que o Exército de Salvacão adquiriu


James Stewart desfilando na Rose Parade, Pasadena, CA

Ricardo Montalban (idem)





Museu do Cinema (Dr. Jivago e E o vento levou) Flórida




Casa de Pat Boone



Casa de Robert Wagner e Natalie Wood
(uma semana após sua morte/leia o texto)



Visita a Universal Studios - outra postagem neste blog:

As fotos de nossos artistas favoritos

"Carta para mim?" A pergunta era repetida a cada vez que voltava da escola. E muitas vezes, impaciente mas cuidadosamente, abria os envelopes que chegavam de Hollywood com as fotos de meus artistas preferidos.
Colecioná-las era um passatempo típico da mocidade dos anos 50. Não me recordo exatamente quem me passara a informacão: bastava copiar à mão (pois nem datilografar sabia, muito menos computador havia) um texto padrão em inglês, sublinhando a palavra photo, escrever no envelope o nome do artista e o estúdio ao qual pertenciam, adquiridos através de revistas sobre cinema, uma delas a Filmelândia. Feito isso, levávamos as cartas em envelope aberto para serem enviadas por via marítima, pois por via aérea nossa mesada não era suficiente para tanto. E o mais era ter paciência, muita paciência; plantáramos e um dia esperávamos pela colheita.
Minhas irmãs também entraram na brincadeira (aliás, coisa muito séria para nós!) e enquanto eu escrevia as minhas cartas para atrizes, principalmente, elas escreviam para seus astros preferidos. "Olha quem me enviou uma foto, o Ronald Reagan!" exclamou minha irmã um dia, sem imaginar que um dos seus artistas preferidos se tornaria presidente dos USA! (a foto será postada em breve neste tópico)
E eu vibrava com as fotos autografadas que me chegavam, algumas com assinatura impressa e outras escritas a "caneta-tinteiro", bastando molhar o dedo com saliva e passar para ver que se tratava de tinta mesmo (até hoje acredito que, embora fossem secretárias quem as remetiam, algumas assinaturas eram de fato dos artistas).
Que alegria foi receber a foto da belíssima Grace Kelly e com pouco intervalo a do James Stewart! Para completar a alegria, o cinema do bairro anunciava para breve o filme "A Janela Indiscreta", com ambos os artistas e dirigido pelo mestre do suspense.
Na semana em que Grace morrera, em 1982, escrevi um artigo em sua homenagem. E no mesmo ano, em Pasadena, CA, entre a multidão que se aglomerava para ver a Rose Parade, estava eu vendo James Stewart acenar sentado em um carro aberto. Em outro carro, Ricardo Montalban!!
E foram esses dois os únicos astros do cinema americano que vi com meus próprios olhos. Nas Mansões dos Artistas, em Holywood, vi seus palacetes, no Chinese Theater suas assinaturas, mas nada se comparava às suas fotos, amareladas algumas, que hoje me fazem recordar o passado quando eram tão vivos e apreciados!
E quando sei de sua morte não deixo de sentir, pois, afinal, eram como amigos ou parentes nossos nos anos dourados da década de 50.

Obs.: como que para prestar-lhes uma homenagem, tenho um tópico - "Quem ainda se lembra dele/a?" - na Comunidade "Filmes Antigos". Bem-vindos!



As fotos dos três atores acima são contribuicão de minha irmã

Meu encontro com Victoria, filha de Charles Chaplin






Aquele sábado de inverno na maior loja de departamentos de Helsinki - onde vendemos esta revista e ao mesmo tempo recebemos doações para o Exército de Salvação (Frälsningsarmén/Pelastusarmeija) - parecia um dia menos especial do que os demais. Faltava naquela manhã algo que considero de extrema importância que é conversar com pessoas, simples conversas do dia-a-dia, explicação sobre a nossa obra ou às vezes o que poderíamos chamar de aconselhamento a pessoas com algum problema. Onde estavam as pessoas conhecidas ou mesmo novos amigos?

Um encontro importante


Então, em um dado momento, olhei para uma moça de baixa estatura, muito agasalhada, cujos olhos grandes e azuis se destacavam apesar de usar uma touca. "Você não é a Victoria, filha do Charles Chaplin?", perguntei-lhe. "Sou, sim!", respondeu-me educadamente. E como parecia que não a importunava, continuei a conversa, apresentando-me como um oficial salvacionista do Brasil trabalhando na Finlândia, terra de minha esposa, e mencionando que havia visto a divulgação de "Cercle Invisible", espetáculo que fazia com seu marido em um dos teatros da cidade de Helsinki.
Meu uniforme não lhe parecia estranho, portanto, percebendo nela uma ponta de interesse na conversa, apressei-me a dizer-lhe que de certa forma nossos pais foram "grandes amigos". E contei-lhe das festas de aniversário de nossa família na década de 50, quando meu pai projetava para os convidados principalmente os antigos filmes de Charles Chaplin. Eram momentos animados, quando a cada gesto do famoso cômico tanto os adultos em uma sala quanto as crianças em outra - separados pela tela onde os filmes eram projetados de ambos os lados - explodiam em risos. De fato, meu saudoso pai amava Carlitos e, por coincidência, faleceu no mesmo ano de 1977.
Ao nos despedirmos, sempre sorrindo bondosamente, convidou-me para assistir ao seu show. "Quem sabe depois do show a gente pode conversar um pouco mais?", sugeriu para a minha alegria.

Uma lembrança importante


Em nossa conversa não houve tempo de contar-lhe que meu pai era um episcopaliano que admirava o Exército de Salvação, organização que opera em mais de 120 países e que também atuava através de uma igreja (Corpo) e de um orfanato em nossa cidade. E ao visitar o Lar de Meninos de Pelotas, RS, era comum levar os seus filmes mudos consigo. Era a vez agora de muitas crianças pobres e órfãs assistirem as famosas comédias do Carlitos, em uma época quando a televisão ainda não chegara pelo menos no sul do Brasil. Eram momentos muito felizes e essa alegria estampava-se nos sofridos rostos de muitas delas. Carlitos fazia a festa!

Uma visita importante


Talvez Victoria olhara com certa simpatia para o meu uniforme por saber algo sobre a infância pobre de seu famoso pai que, da mesma forma como meu pai, tivera contato com o Exército de Salvação (The Salvation Army)...
Certa vez foi perguntado a uma desenhista por que na exposição de seus desenhos de igrejas londrinas, interessantes sob o ponto de vista arquitetônico, havia também incluído o humilde Corpo do The Salvation Army. "É porque Charles Chaplin o visitou", explicou.
Certa ocasião, para evitar o assédio dos fans e dos fotógrafos, Chaplin entrara sem alarde no salão do Exército em Kennington Lane enquanto a pequena banda tocava. E entregou ao oficial dirigente um generoso donativo, contando-lhe ao mesmo tempo algo de sua infância pobre. Seu pai bebera tanto que morrera cedo e sua mãe enlouquecera, tendo de ser internada em um manicômio. Dessa forma, o filho tão sensível passara as maiores privações na sua infância.
Nessa época, um dos momentos mais felizes que experimentava era ao assistir as chamadas "Horas de Alegria", promovida pelos salvacionistas, encontros infantis cheios de entusiasmo onde as crianças cantavam cancões vibrantes que acompanhavam batendo palmas. No meio de dezenas delas, um rosto que de triste ia-se transformando em alegre, pelos menos por alguns instantes: o de Charles Chaplin menino, quem sabe parecido com o de alguma criança daquele outro Lar de Meninos, décadas depois.
Quem se recorda de uma de suas comédias, "Easy Street" (Rua da Paz), e da missão cheia de pobres e bêbados tentando cantar ao acompanhamento de uma doce donzela (Edna Purviance) ao órgão, facilmente associará o ambiente ao de tantos centros de obra social do Exército de Salvação - enfocados em tantos filmes americanos - espalhados pelo mundo.
Mais tarde, Charles Chaplin deixou aquele pobre bairro londrino e foi para longe, tornando-se o célebre cômico que como nenhum outro faria o mundo rir.

Um momento importante


Enquanto eu, na primeira fileira de bancos do Teatro Savoy, assistia ao "Cercle Invisible", virei-me para a pessoa que estava ao meu lado e comentei: "Ela de fato é filha de seu pai!"
Era a terceira visita à Finlândia e o teatro lotado a cada apresentação comprovava que o casal era dono de enorme talento, não apenas atraindo público por ser ela "a filha de Chaplin".
Nos momentos finais do show comecei a questionar como aconteceria um outro rápido encontro com Victoria. Fui ao show com o meu uniforme para ser reconhecido por ela, mas não poderia simplesmente esgueirar-me pela cortina e tentar encontrá-la. Fiquei simplesmente sentado no meu lugar enquanto o público se retirava, tentando pensar em uma solucão.
Quando uma funcionária do teatro se aproximou - quem sabe para saber a razão por que eu não saíra como os demais - falei-lhe que "Victoria prometera ter uma rápida conversa comigo". Ela subiu até o palco fechado pelas cortinas e voltou depois de alguns minutos dando-me o recado de que ela estava muito cansada e não poderia receber-me (depois de tanto malabarismo, entendi perfeitamente!). Certamente se esquecera de mim, pensei. Então, veio-me à mente a palavra-chave para que se recordasse: "The Salvation Army"! A funcionária concordou em novamente ir falar com ela e, voltando rapidamente dessa vez, fez um sinal para que eu subisse ao palco. E lá, demonstrando cansaço após mais um show de duas horas - onde o seu grande talento é demonstrado através de muita agilidade, criatividade e versatilidade - a mesma face bondosa olhava para mim. "Ah, é você!", disse-me, ao que respondi com o elogio "que espetáculo tremendo!" Houve só tempo de pedir a alguém que tirasse uma fotografia e despedimo-nos.


Uma lição importante


De volta para casa, enquanto a neve caía cobrindo as ruas, lembrei-me de algo que na loja de departamentos comentara com ela: "Como você e sua família são pessoas importantes!", ao que me corrigiu apressadamente: "Não, nós não somos importantes, meu pai era importante!"
Como fora importante para mim aquele encontro! Como em um turbilhão, ao caminhar vinham-me à lembrança o passado, meus saudosos pais e seu espírito cristão expresso de tantas formas, uma delas a de levar Carlitos para trazer alegria a tantos órfãos. E aquelas visitas ao orfanato do Exército de Salvação certamente influenciaram-me na minha decisão, tomada mais tarde, de unir-me ao salvacionista e com eles servir ao próximo (leia a respeito de como ingressei no Exército de Salvação em meu blog), o que faço desde os meus 19 anos.
Pertencendo ao mundial The Salvation Army, curiosamente estamos tanto em meio a pessoas pobres e sofridas como de pessoas importantes e destacadas em muitas áreas Por conhecerem a nossa obra, muitas vezes palavras de elogio nos são dirigidas. E quando sou tentato a me achar importante, orgulhoso de tantas experiências adquiridas ao longo de meu ministério em quatro países, e tendo visitado mais de 30 nações, as palavras da filha preferida de Charles Chaplin me vêm ao coração: "Nós não somos importantes; meu pai era importante!" Sim, não nós os Seus filhos somos importantes; importante é o nosso Pai Celestial!



(Para a glória de Deus e homenagem ao famoso cômico, este artigo foi publicado nas revistas "Sotahuuto", de língua finlandesa, e "Krigsropet", de língua sueca, em 2001, mais tarde transcrito no mesmo jornal da Suécia)



Foto raridade: Charles Chaplin, 1914, com 16 anos.


______________________






Geraldine Chaplin ingressando no cinema em Dr. Jivago (1965)


______________________