Paulo Franke

29 setembro, 2010

5 - Na CRACÓVIA/Krakow, antiga capital da Polônia

Saí do albergue em Varsóvia e tomei o trem para Cracóvia,
distante da capital cerca de 5 horas (com os respectivos atrasos). Vê-se pela foto que estava sonolento, assim aproveitei os primeiros momentos da viagem para dormir no trem, até que bastante bonito e confortável. Mesmo assim, o pensamento nos milhões de judeus que foram deportados antes ou depois do Gueto de Varsóvia vinham-me à mente ao fazer a mesma rota por estrada de ferro, sendo que eles conduzidos para a morte em Auschwitz-Birkenau...




Eu já pisara neste chão... Em 2001, quando fiz a minha primeira Interail, de trem pela Europa, incluí a cidade de Cracóvia no roteiro, interessado somente em visitar o campo de concentração de Auschwitz-Birkenau, a 20km dali, o que fiz (uma das primeiras postagens no meu blog, com link ao final desta).




Agora era a vez de visitar a cidade de Cracóvia. Chegando, almocei em um belo shopping-center perto da estação. Um "banho de modernidade" se fazia necessário antes de enveredar por ruas, visitar igrejas e admirar prédios antigos carregados de história. E foi isso exatamente o que fiz, mas antes dirigi-me ao albergue e instalei-me em um dormitório com 10 ocupantes!!



Postal da parte antiga da cidade, cercada de muros, situando-se exatamente no meio da cidade.



A somente um quarteirão do albergue ficava a entrada para a velha cidade...




...com um sistema de fortificação de 3km de sólidos muros.



Simpáticos "tiozinhos" em suas roupas típicas tocando músicas do folclore polonês.


Eu já estava na cidade antiga, tendo adentrado pelo Portão de Florianska.


A torre é uma das 47 ao longo do muro.


Agora, até chegar ao grande e famoso largo, era admirar antigos prédios...


... nos seus variados estilos...


... com detalhes os mais belos e interessantes.


Aqui se compra ingressos para concertos.

Então, cheguei ao grande largo apinhado de turistas e de atrações voltadas para eles.

Um "estacionamento" de carruagens que levam os turistas mais...


... endinheirados a um passeio pela cidade.



Cada carruagem procura inovar em algum detalhe.




Dei-me ao luxo de ir a um café-confeitaria com cadeiras ao ar livre, e ali saboreei uma deliciosa torta de limão, especialidade da Cracóvia, com café-com-leite.



Ao som de uma serenata de ciganos poloneses.



Esqueci-me de comprar, nesta "agência de correios", um selo comemorativo aos
200 anos do nascimento de Chopin, pena!





... mas não de fotografar um piano em homenagem...



... ao expoente máximo da música polonesa.



No mesmo grande largo, a torre da cidade, construída no século 14, mas não subi até o seu topo para admirar o panorama...



Evitando subir para não cair de cansaço, fotografei-me diante desta obra de arte "que caiu com a cara".



Outro prédio bonito e histórico é o mercado, que vende souvenirs, roupas típicas, peles etc.



Bonecos ao som de músicas do respectivo cantor são apresentados pelo talentoso rapaz no seu Teatr Animaji FolkoShow, uma das raras escritas possíveis de entender. Mas as músicas do Elvis eram lembradas.



A basílica de Santa Maria, construída no século 13, é uma das mais belas igrejas em estilo gótico da Polônia.



Entre 1952 e 1957, João Paulo II serviu aqui, como pregador e confessor. Como papa, visitou-a três vezes. Spielberg utilizou-a para filmar algumas cenas de "A Lista de Schindler".


Há duas entradas, uma para quem quer visitar a igreja e outra para quem quer "orar somente". Mas percebam a longa frase em polonês! Será que orar não é mais simples do que isso?!



Tirei uma foto do interior. No altar de 13m, construído em madeira na Idade Média, o maior da Europa, há 200 figuras que variam em seu tamanho, de 3m a 3cm. Entrei para orar, mas como fazê-lo com tantos detalhes a atrair a nossa atenção?


Foi a única igreja que visitei do aglomerado delas na Velha Cracóvia. No largo, bandeirolas (?) predominantemente na cor nacional, a vermelha.

Em caminho ao castelo, passei pela Igreja de Pedro e Paulo, mas com estátuas de outros apóstolos também nos seus muros.

O castelo fica dentro dos muros, em uma colina, que o torna ainda mais imponente.

Sua história é rica como a da antiga Cracóvia.


O leitor interessado terá acesso a ela pela Internet.


Embora histórica e belíssima, a grande maioria dos visitantes vêm à Cracóvia interessado na visita a Auschwitz-Birkenau. Desta vez fui exceção, pois não incluí no meu roteiro de viagem uma nova visita ao campo de concentração. Ponderei e decidi que a um lugar tão lúgubre e cenário de milhões de mortes inocentes, tanto de judeus quanto de poloneses - considerado o maior cemitério do mundo - bastou conhecê-lo uma vez, guardando em meu coração as impressões profundas que tive no lugar.




Do castelo fotografei o rio Wisla, que banha a cidade. E ao ver o outro lado do rio, pensei no programa de meu segundo e último na Cracóvia: atravessar uma das pontes sobre o rio e visitar a fábrica de Oskar Schindler.

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Próxima postagem:

Visita à fábrica - hoje museu - de Oskar Schindler.

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L i n k


Visita ao Campo de concentração Auschwitz-Birkenau:


http://paulofranke.blogspot.com/2006/08/campo-de-concentraco-de-auschwitz.html

26 setembro, 2010

4 - O que restou do GUETO de Varsóvia (2a parte)


No dia seguinte, continuei minha caminhada ao que ainda me faltava ver do que restou do Gueto de Varsóvia. Novamente, dia bastante nublado e ameaçador e pés doloridos do dia anterior, tanto o dia quanto os pés compatíveis com a minha peregrinação.



E assim passei pelo Monumento aos Heróis do Gueto, que foi inaugurado quando tudo ao redor ainda eram ruínas, para comemorar os cinco anos da insurreição do Gueto (que durou algumas semanas). Um moderno e grande edifício está sendo construído em frente ao Monumento que será o Museu da História dos Judeus Poloneses.



No local há um poster com fotos do que foi a vida no Gueto. Exatamente diante do Monumento, onde param dezenas de ônibus de turismo, encontrei uma excursão de brasileiros de Belém-PA. Um momento de confraternizacão com gente nossa também interessada no Holocausto e em sua mensagem "Nunca Mais!", conforme conversei com alguns deles.



O general nazista Jurgen Strop, responsável pela liquidação do Gueto de Varsóvia, decidiu que demolindo a grande sinagoga, construída em 1875-78, seria o símbolo de sua vitória, o que de fato aconteceu no dia 16 de maio de 1943, às 20h15.

Na foto, a Sinagoga Nozyk...



...construída nos anos 1898-1912 e que durante a guerra foi utilizada como estábulo. Hoje é não somente um lugar de prática religiosa, mas também um importante Centro Cultural Judaico.



Não entrei na sinagoga, mas encontrei diversos judeus ortodoxos nas proximidades e com um deles conversei. Conversa rápida, mas de profundo significado. No final, um deles deu uma batida no meu ombro, que considerei um grande gesto de carinho. Cada judeu que encontrei considerei um símbolo da derrota nazista, o mesmo sentimento de visitar sinagogas ou centro culturais judaicos ou o grande Monumento ao Holocausto em Berlim, vizinho ao Portão de Brandemburgo, onde os nazistas faziam suas grandes paradas em homenagem ao Terceiro Reich, que "duraria 1000 anos".



No prédio onde funciona o Teatro Judaico, fotografei esta placa dourada onde fica a Associação "Crianças do Holocausto" na Polônia. Quantas dessas crianças, hoje pessoas idosas, não terão sido salvas por Irene Sendler (ver link)? Um almoço em um clube judaico nas proximidades reunia a comunidade para a comemoração de um evento especial.



Outra foto que mostra que o Gueto ficava na hoje próspera e moderna Polônia. A foto acima e as seguintes são de duas famosas esquinas de prédios preservados desde aquela época, de fato, os únicos prédios preservados do Gueto.



As fotos são de moradores...



... da época.



Foram expulsos de...



... seus próprios lares ou então compartilharam-no com dezenas de outras pessoas.



É um dos poucos fragmentos da "Varsóvia Judaica"...



... nos quais o clima do velho quarteirão judaico é reavivado em um festival anual.



O lugar principal em que milhares de judeus do Gueto eram reunidos para partirem para o Campo de Extermínio de Treblinka, cerca de 90km de Varsóvia (veja postagem ainda em construção, adiante).



Homens ficavam à esquerda e mulheres e crianças à direita.



Hoje, no exato lugar na Stawki Street 10, ergue-se o monumento que lembra em seu estilo um vagão ferroviário.


"Ao longo deste caminho de sofrimento e morte, cerca de 300.000 judeus foram conduzidos em 1942-1943 desde o Gueto de Varsóvia até as câmaras de gas dos campos de extermínio nazistas."




Na absoluta impossibilidade de serem inscritos nomes verdadeiros das pessoas que embarcaram para a morte,



... nomes representativos, masculinos e femininos, de A a Z, foram registrados nas paredes do monumento.


E ali encontrei o nome Pawel, que significa Paulo em polonês. Não procurei os nomes judaicos de meus filhos; seria aumentar a emoção.



Neste lugar onde fica o Radisson Hotel, de uma rede de hotéis de luxo da Europa, na Rua Grzybowska, situava-se a residência de Adam Czerniaków, presidente da Comunidade Judaica (Judenrat), que ali cometeu suicídio em 23 de julho de 1942. O papa João Paulo II tem uma grande avenida com seu nome.

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Conhecida foto de membros da Resistência sendo levados para a morte.
Muitos, no entanto, cometeram suicídio antes de serem encontrados nos dias finais do Gueto.
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Abaixo, recortes amarelados de uma revista antiga, com texto de Gerald Reitlinger, que guardo comigo há muitos anos, antes mesmo de ter lido o "Mila 18", de Leon Uris.

























































A última foto do artigo, à direita, mostra o que restou do Gueto de Varsóvia, somente ficando de pé pouquíssimos prédios e a Igreja de Santo Agostinho.
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L i n k s

Trailers de filmes recentes sobre o Gueto de Varsóvia:

"O Pianista", do diretor judeu-polonês Roman Polanski:
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Uprising (Levante ) Desconheço o título em português.
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"The courageous heart of Irena Sendler"
(O corajoso coração de Irena Sendler)
Veja no "Índice de todos os meus tópicos" uma postagem
homenageando essa heroína que salvou 2.500 crianças do Gueto.

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No Museu do Holocausto Yad-Vashem em Jerusalém, o maior monumento é o que homenageia os que morreram no Gueto de Varsóvia (fotografado parcialmente):

http://paulofranke.blogspot.com/2010/05/iv-israel-yad-vashemsepultura-oskar.html

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Próxima postagem:
Visita à Cracóvia/Krakow