Paulo Franke

22 agosto, 2012

Minhas raízes FRANKE na Alemanha (Lutherstadt)


A experiência da busca às raízes ao meu sobrenome FRANKE foi parar em jornais e revistas, em alemão, sueco e finlandês!





Inicialmente, Berlim, visitada pela primeira vez.


(Fotos e texto transportados para a postagem "Primeira visita a Berlim/ Os 20 anos da queda do Muro de Berlim" - novembro 2009)

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E agora, ao relato de minha busca bem-sucedida às raízes de minha família pelo lado paterno:

Tendo como "bússola" o livro "O Biênio 1824/25 da Imigração e Colonização Alemã no Rio Grande do Sul (Província de São Pedro)", da autoria de Carlos H. Hunsche e adquirido no Museu da Imigração Alemã, em São Leopoldo-RS, empreendi essa viagem-sonho à Alemanha, em busca de minhas raízes, no verão europeu de 2000.

De Helsinki, onde chegáramos no verão anterior, viajei com um ferryboat pelo Mar Báltico, chegando a Rostock 24 horas depois. Um ônibus nos conduziu até o centro de Berlim, e lá procurei o hostel do Exército de Salvação (Die Heilsarmee) onde fui muito recebido: quarto particular, por uma semana, inteiramente grátis (amo essa família a qual pertenco, o The Salvation Army, em 119 países o mesmo!).
Um trem conduziu-me, então, a Eisleben, na ex-Alemanha Oriental, cidade onde nasceu e morreu o reformador Martinho Lutero. Maior do que a expectativa de conhecer esse histórico lugar que pertence à UNESCO - e na volta Wittenberg - era a de visitar Hettstedt, a somente 20km dali, cidade onde nasceu meu ancestral Johann Carl Friedrich Franke, filho de Johann Adolph Franke e de Johanna Dorothea Riemann, de acordo com as precisas informações do livro de Hunsche. No final do livro há uma lista dos imigrantes chegados à colônia de São Leopoldo em 1824/25, entre essas famílias a de Johann Adolph, esposa e seus 5 filhos (veja link no final).


Hettstedt é uma típica cidade germânica pequena (foto) da ex-Alemanha Oriental, e no curto caminho para lá avista-se montanhas de cobre, conferindo o fato de que o pai de Martinho Lutero fora mineiro. Chegando, dirigi-me aos Arquivos da Prefeitura para ouvir do bondoso arquivista, após sua busca, que meus ancestrais não constavam na relação dos antigos habitantes da cidade, que começaram a ser catalogados a partir de abril de 1825. Fim das minhas buscas? Não! O livro, com detalhadas informações, registra que minha família havia viajado no transatlântico Georg Friedrich, que partira de Hamburgo, em. fevereiro de 1825, portanto não poderia mesmo constar no tal arquivo!


Então, da janela da prefeitura, olhei para a torre da velha igreja luterana. O comunismo fora banido da Alemanha, as milhares de torres de igreja não! Ali residia a minha esperança, pensei. O pastor deu-me sinceras boas-vindas após ter-me apresentado, e em poucos minutos eu estava folheando o grosso e bem preservado livro de batismos da época, com suas folhas amareladas na consistência de cartolina. Em dado momento, precisei pegar o lenço, pois lágrimas vieram-me aos olhos ao encontrar o que tanto procurava: o nome de meu ancestral, Johann Karl Friedrich Franke, nomes dos seus pais e padrinhos e data do batizado. Aquele bebê era o avô de meu avô, meu trisavô, que emigrara para o Brasil com apenas 17 anos. Que grande aventura para um rapaz daquela idade! Mais tarde soube que morrera no campo de batalha no RS, com quarenta e poucos anos, tendo tido uma numerosa família com sua esposa, Margareta Jung.


Minha veia jornalística fez com que sugerisse ao pastor chamar um repórter do jornal local para relatar aquela inusitada história. Ele concordou e momentos depois chegaram uma jornalista e um fotógrafo de Eisleben para me entrevistar. Duas semanas depois, recebia na minha casa em Helsinki o jornal Mitteldeutsche Zeitung (de 20 de julhode 2000) com a publicação da história e fotos "daquele brasileiro" que descendia de uma corajosa família de Hettstedt que atravessou, como muitas outras, o Atlântico em busca de uma vida melhor no Brasil, fugindo das guerras napoleônicas.


Identifico-me com o pai de meu trisavô, e o admiro, tendo eu próprio já feito semelhante aventura, de ir com minha família para Portugal, USA e Finlândia, como ele, confiando que temos um "Castelo Forte" (Ein Feste Burg), que guarda e dirige os nossos passos.









A igreja luterana de St. Jakob




O livro de batismos





O amigável pastor Pfarrer ao lado da bia batismal centenária. Terá sido nesta pia que meus ancestrais foram batizados?



Encenando uma pregação no mesmo púlpito onde meus ancestrais certamente ouviram sermões reais!
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Fotos da vizinha Eisleben, visitada na ocasião...



Estátua de Lutero em Eisleben. Ao fundo, a igreja onde ele pregou pela última vez.



Troquei a fita sueca do meu por uma em alemão.


A casa onde nasceu o reformador Martinho Lutero.




A casa onde morreu. Depois de pregar seu último sermão na igreja local, foi trazido para esta casa.
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... E fotos de Wittenberg, outra importante Lutherstad ligada à Reforma.





Na Porta das Teses.


As teses.


A histórica Stadtkirche St. Marien, ao fundo.

A Igreja do Castelo (Schlosskirche), no topo de cuja torre (na parte branca igual a um anel) está inscrito Ein Fest Burg (Castelo Forte), visível na foto abaixo.



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O hino da Reforma na escrita original de Martinho Lutero





Do Hinário Evangélico:
Castelo forte é nosso Deus, espada e bom escudo, com seu poder defende os Seu em todo o transe agudo. Com fúria pertinaz persegue Satanás, com ânimo cruel, astuto e mui rebel, igual não há na terra.
A força do homem nada faz, sozinho está perdido; mas nosso Deus socorro traz em Seu filho escolhido. Sabeis quem é? Jesus, o que venceu na cruz, Senhor dos altos céus; e, sendo o próprio Deus, triunfa na batalha.
Se nos quisessem devorar demônios não contados, não poderiam dominar nem ver-nos assustados. O príncipe do mal, com seu plano infernal, já condenado está; vencido cairá por uma só palavra.

De Deus o verbo ficará, sabemos com certeza, e nada nos perturbará com Cristo por defesa. Se temos de perder família, bens, prazer, se tudo se acabar e a morte nos chegar, com Ele reinaremos!
Letra e música - Martin Luther, 1546

Tradutor: Jacob Eduardo von Hafe

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Abaixo, a atual São Leopoldo-RS, cidade que recebeu em 1824/25 os primeiros imigrantes alemães.



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L i n k s

Viajando de trem pela Europa:

Visita aos museus de Bremerhaven e Hamburgo -

de onde partiram os emigrantes alemães para o Brasil.

Com informações sobre o Museu da Colonização em São Leopoldo,

inclusive com foto da página da família Franke, na lista dos passageiros do

 livro referido nesta postagem:

http://paulofranke.blogspot.com/2008/08/de-trem-pela-europa-11-bremerhaven-e.html

3 Comments:

  • Infelizmente, os tantos comentários aqui registrados em 2006 e em posteriores datas, foram perdidos no momento. Se os recuperar, vou trazê-los para cá novamente.
    Bem-vindos, novos comentário!!
    O dono do blog.

    By Blogger paulofranke, at quarta-feira, agosto 22, 2012 4:08:00 PM  

  • Muito emocionante essa tua aventura em busca das raizes. Imagino o sentimento que tivestes ao encontrar o nome do trisavô no livro de batismos. Tentei a mesma coisa qdo estive em Portugal (Pena Fiel) em 2008, para encontrar o registro de nascimento do meu avô (p/ tentar dupla nacionalidade), mas depois de horas as voltas com pesados livros desistí, pois já que era filho de padre, e portanto adotado, sería tarefa mt difícil, segundo o livreiro.

    By Anonymous Francisco S V Filho, at quinta-feira, agosto 23, 2012 2:38:00 AM  

  • Mais uma vez, muito bom, Paulo ! Bastante interessante. Ja' havia lido tuas informacoes em post anterior, mas sempre e' bom ler alguma coisa nova ! Ainda nao fiz minha visita a Hettstedt mas pretendo faze-lo quando o dolar e o euro ficarem mais 'calmos'… Parabens mais uma vez pelo post, sempre muito bom ! Abracos !

    By Anonymous Gerson Langie Barum, at terça-feira, outubro 06, 2015 3:05:00 PM  

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