Paulo Franke

08 outubro, 2013

Visita à fábrica-museu de OSKAR SCHINDLER na Cracóvia.

Esta postagem é de 2010, mas por algum motivo ficou irresponsiva no blog, razão por que a trago para esta data.

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A visita... O filme...


No dia anterior, do castelo da Cracóvia fotografei a ponte ao fundo sobre a qual passaria para visitar a Fábrica-Museu de Oskar Schindler.



Por falta de tempo não visitei o bairro judeu de Kazimierz, onde viviam 68 mil judeus, transformado em 1941 em um gueto. Poucas centenas sobreviveram no final da guerra. O próprio bairro escapou da destruição pela razão de que os alemães queriam nele estabelecer um macabro museu sobre "a raça que se desvaneceu/se evaporou" (puro engano!)... No círculo, o local da fábrica.



Foto Google da fábrica quando ainda não se transformara em museu, o que aconteceu há poucos anos, agregando-se assim aos Museus Históricos da Cidade de Cracóvia.



Preferi tomar o tempo necessário para visitar a fábrica-museu do que me unir a uma excursão a pé que visitaria o bairro judeu e passaria diante da fábrica, sem visitar o seu interior. A visita ao bairro em uma nova visita à Cracóvia, quem sabe?



Impressionante e de máximo interesse o que aconteceu neste lugar e através desse portão, fielmente retratado no filme "A Lista de Schindler", que espero meus leitores assistam, procurando-o numa locadora ou adquirindo o DVD.



Nas vidraças, tanto por fora quanto por dentro, fotos dos operários de Schindler (ou "os judeus de Schindler"), totalizando a 1.100 que ele, empregando-os, salvou do extermínio.



À entrada da fábrica.



"Aquele que salva uma vida, salva o mundo inteiro", frase do Talmude em placa à entrada da fábrica.


Foto do corajoso Oskar Schindler com os "seus judeus", herói que arriscou sua vida para salvar judeus do extermínio planejado por Adolph Hitler. Oskar foi um católico nascido em em Zwitau, Tchecoslováquia, em 1908. Era membro do partido nazista. Adolph Eichmann, que maquinou e executou "a solução final", o odiava.



À recepção da fábrica-museu, recebemos um folheto-guia intitulado "A Cracóvia sob a ocupação nazista 1939-1945.




Na contracapa, o mapa a ser seguido pelo visitante, começando no andar térreo e subindo-se escadas originais que atingem o segundo andar.



O ingresso, 15.00 zl (€ 5.00) e 15h40 o horário de minha chegada. Fotos da época mostram como se desenrolava a vida dos cidadãos sob a ocupação nazista.



Eu pensava que adentraria uma fábrica desativada, locações do filme "A Lista de Schindler", mas, como já mencionei, em anos recentes as grandes instalações da fábrica original foram transformadas em um moderno museu de dois andares, com grandes corredores de exibição também da ocupação alemã à Cracóvia. O ano de 1943, auge dos acontecimentos... chamando-me a atenção por ser o ano em que nasci, longe, muito longe de todos aqueles horrores.



A vida dos cidadãos poloneses foi transformada em pesadelo, enquanto que para os judeus significou gueto, trabalhos forçados e deportações em massa para Auschwitz-Birkenau e a outros campos de extermínio nas proximidades da cidade, portanto morte!




Quase à entrada, há como que um "relógio-ponto" onde são carimbados o símbolo polonês do "magistrat" e o símbolo nazista. Para o leitor entender melhor, traduzo as inscrições de ambos:

Cracóvia, 6 de agosto de 1939. O último dia da 25a. reunião anual dos soldados da Legião Polonesa celebrada na Cracóvia; o "Marshall" Edward Ryds tomou parte no evento.

Cracóvia, 1 de setembro de 1940. Os nazistas celebram o primeiro aniversário do início da guerra em Rynek Glowny, na Cracóvia. Durante o evento, o nome da praça foi oficialmente transformado em Adolf Hitler Platz.


Um quadro de anúncios alemão na Cracóvia, acervo do museu.


Que me lembre, foi a primeira vez que vi em um museu um uniforme nazista...


... e um quépe que cobria a cabeça maligna, cruel e endemoninhada dos militares nazistas.


Também um capacete de aço com a suástica bem visível e um cantil.


Na fábrica de Oskar Schindler os operários eram tratados com humanidade. Na foto, réplica da farmácia (apotheke) da fábrica. A mesma palavra é usada para farmácia em sueco e em finlandês, com pequena variação no final.


E no segundo andar do museu instalado na fábrica, chegamos ao escritório de Oskar Schindler, onde altos negócios eram tratados e também altos planos e transações, inclusive financeiras, para salvamento dos judeus.

Fotos, objetos típicos de uma escrivaninha e jornais da época.


Exibição, no escritório, dos produtos da fábrica, além de outros que só se assistirmos ao filme tomaremos conhecimento.




Três postais que adquiri no local, design Czwórka.




Fotografei somente uma das paredes onde constam os nomes dos operários da fábrica, os "judeus de Schindler".



Originais ou não, ao longo da visita vemos equipamentos industriais.




Enquanto havia instrumentos para a morte, esses salvaram vidas.



Muitos carrinhos transportaram corpos para serem enterrados ou cremados; estes carregavam os produtos da fábrica salvadora de muitos judeus!


Exposição de fotos de Oskar Schindler e de seus operários à saída da fábrica-museu.


Depois da guerra, o herói Schindler posa junto com judeus em Israel, país onde foi reverenciado e que, em certa época depois da guerra, visitou a cada ano.




À saída, as vidraças contendo também no seu interior fotos dos salvos pelo herói.




Comprei esta canequinha esmaltada, souvenir da fábrica, produzida exatamente com a mesma tecnologia do tempo da guerra. E o DVD "A Lista de Schindler".



O diretor judeu Steven Spielberg foi à Cracóvia filmar "A Lista de Schindler" em 1993. Aqui, dando instrucões a Liam Neeson, que interpretou Schindler. Neeson teve sua tragédia pessoal em anos recentes com a morte acidental de sua esposa. Os flocos caindo não são para parecerem neve, mas cinzas de cadáveres cremados que saíam incessantemente pelas chaminés. Não recebendo autorização para filmar no campo de concentração de Auschwitz-Birkenau, cenários semelhantes foram montados.


Ben Kingsley interpretou o contador de Schindler , Itzhak Stern. O ator também interpretou Simon Wiesenthal, o caçador de nazistas no filme sobre a sua vida, e Ghandi.
Nas veias do ator corre sangue indiano e também inglês, além de muito talento. É casado com uma brasileira, que encontrou como garçonete e por quem se apaixonou.


O filme de Steven Spielberg foi baseado no livro "A Arca de Schindler" (Schindler's Ark), do escritor australiano Thomas Keneally, e nos depoimentos de pessoas salvas por Oskar, inclusive no de Andor Stern, considerado o único judeu brasileiro que foi prisioneiro em Auschwitz-Birkenau (que citarei e mostrarei foto na última postagem sobre a minha visita à Polônia).










À esquerda, vemos Amon Goeth, o cruel nazista que dirigia o campo de concentração de onde Schindler "recrutava" seus trabalhadores. Na foto à direita, cena do filme mostrando o ator Ralph Fiennes que o interpretou. Um "passatempo" de Amon Goeth era, da sacada de sua casa, que ficava no alto, dentro do campo, atirar em judeus com sua espingarda, o que vemos em cenas muito dramáticas no filme.



Por ocasião do lançamento do filme "A Lista de Schindler", havia 6.000 descendentes dos 1.100 judeus salvos por ele. Emocionante é uma das cenas finais do filme, quando a sepultura de Oskar Schindler, que morreu em 1974, é visitada pelos sobreviventes que trabalharam na fábrica cada qual ao lado do respectivo ator que interpretou seu papel no filme (ver video abaixo).
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Uma descrição do final do filme, de acordo com o livro de meditações "Edificação Diária", que escrevi na década de 90. Ao filme assisti na cidade de Joinville-SC quando não me contive e cantei no cinema, com lágrimas, a música folclórica judaica citada abaixo e cantada no video do link.

Libertos mas desorientados, perguntaram: "Para onde iremos agora?" E a resposta seca do soldado foi: "Olhem para o leste e mesmo para o oeste: em qualquer lugar não quererão vocês!" Então, esqueléticos mas com uma chama viva no olhar, contemplam uma colina onde uma multidão de sobreviventes na mesma situação canta:
"Yerushalayin Shel Zahav Ve-Shel Nechoshet Ve-Shel Or"/"Jerusalém de ouro, de luz e de bronze, sou o violino para todas as tuas canções".
Sim, em Jerusalém eles seriam estabelecidos, cumprindo-se profecias milenares. E assim eu assistia emocionado as últimas cenas do filme "A Lista de Schindler", de Steven Spielberg, que conquistou 8 Oscars na Academia de Cinema, tornando-se o mais famoso de todos os filmes do tema Holocausto.



A árvore de Oskar Schindler que fotografei no início deste ano na Avenida dos Justos de todas as Nações (heróis que salvaram judeus) no Museu do Holocausto Yad-Vashem, em Jerusalém (abaixo, link à postagem respectiva).




Na mesma viagem a Israel visitei a sepultura de Schindler no Cemitério Luterano situado no Monte Sião. Na mesma postagem explico a razão da tradição judaica das pedras sobre os túmulos.

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L i n k s
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A comovente cena final de "A Lista de Schindler", descrita acima, ao som de "Jerusalém de Ouro" / Yerushalayn Shel Zahav:
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Imperdível este video (youTube) em ESPANHOL que confirma muitas cenas do filme, mostra também Oskar Schindler falando, além de o leitor tomar conhecimento do que lhe aconteceu nas últimas quase três décadas de sua vida, após o final da guerra:
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Minhas postagens sobre o Holocausto (e há ainda outras postadas após 2009, que poderão ser encontradas no "Índice de todos os meus tópicos", à direita ao acessar o blog):



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Próxima postagem:

"Visita ao campo de extermínio de TREBLINKA"
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Por acompanhar minha viagem neste blog,
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Todah rabah!
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Djen- koo-ye bard-zoh!
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(Muito obrigado em hebraico e polonês, respectivamente)

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3 Comments:

  • Lamentavelmente, os muitos e bons comentários da época em que foi publicada esta postagem, com a reprise da mesma foram automaticamente deletados.
    Bem-vindos a novos comentários.
    O dono do blog

    By Blogger paulofranke, at terça-feira, outubro 08, 2013 5:02:00 PM  

  • Dolores Ribeiro:
    Eu vi o filme 5 vezes. .. Spielberg teve uma visão profunda e detalhada sobre a história. .. Os detalhes de cenários , figurinos e as atuações dos atores impressionam... imagino qual a sensação de entrar nesta fábrica. .. as lembranças fortes de todos aqueles que trabalharam contentes sabendo que estavam a salvo do horror nazista. ..Shindler é realmente um herói. .. usou de bravura e coragem. .. muito lindo o post...a foto que Shindler está com os judeus é linda! Abraços!

    By Blogger paulofranke, at terça-feira, outubro 08, 2013 5:05:00 PM  

  • É um prazer visitar o seu blog,que DEUS o abençoe,por dividir suas experiências ,que sempre nos acrescentam.
    Maria Angela

    Shalom!

    By Blogger Unknown, at sábado, janeiro 18, 2014 5:32:00 PM  

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