Paulo Franke

27 junho, 2014

A gaúcha MARIA DELLA COSTA em 4 Atos.



Nos anos 50 quem era importante ou famoso aparecia na capa das revistas "O Cruzeiro" ou  "Manchete", e era através delas que a gente tomava conhecimento do que se passava no mundo, em todas as áreas. A bela gaúcha, filha de italianos, Maria Della Costa, foi frequente nas capas dessas revistas.

I

Filha de imigrantes oriundos de Veneza, a atriz, empresária e ex-modelo  , Gentile Maria Marchioro Della Costa Polloni, ou  Maria Della Costa, como ficou conhecida, deve receber, nesta quinta-feira  (12), a Comenda Por do Sol, da Câmara Municipal de Vereadores de Porto Alegre. 
Atriz, empresária e ex-modelo, Gentile Maria Marchioro Della Costa Polloni nasceu em em 1º de janeiro de 1926 em Flores da Cunha (RS), filha de agricultores vindos de Veneza. Começou a carreira como modelo, aos 14 anos, e, pouco tempo depois, foi imortalizada em obras dos artistas plásticos Vitor Brecheret, Di Cavalcanti, Flávio de Carvalho, Djanira, Guanabarino e Noêmia Cavalcanti.
No teatro, Maria estreou na peça A Moreninha, de 1945, sob a direção de Bibi Ferreira. Casada com Fernando de Barros, passou três anos em Portugal onde estudou arte dramática no Conservatório de Lisboa. De volta ao Brasil, uniu-se ao grupo Os Comediantes, com quem montou espetáculos como Terras do Sem Fim, Inês de Castro e Vestido de Noiva. Em 1948, criou a Companhia Teatral Popular de Arte.
Em outubro de 1954, com o segundo marido, Sandro Polloni, Maria inaugurou o próprio teatro, no bairro paulistano de Bela Vista. O Canto da Cotovia, de Jean Anouhil, sob a direção de Gianni Ratto, foi a primeira peça encenada no local, que recebeu produções de importantes autores teatrais, entre eles Gorki, Sartre, O´Neil, Zola, Lorca, Arthur Miller, Brecht, Ionesco, Guarnieiri, Nelson Rodrigues e Plínio Marcos. Em 1978, o Teatro Maria Della Costa foi comprado pela Associação dos Produtores de Espetáculos Teatrais do Estado de São Paulo. (Google)

E mais isto:
Ao visitar Nova York conhece o autor Arthur Miller e dele traz, para comemorar os dez anos de seu teatro (1964), a famosa peça Depois da Queda. Texto autobiográfico, cuja ação se passa na mente de Quentin (Paulo Autran), a peça faz uma autoanálise do seu comportamento, o dos amigos e o das três mulheres com quem viveu: uma intelectual interpretada por Márcia Real, uma jornalista vivida por Teresa Austregésilo e uma artista, Maggie, inspirada em Marilyn Monroe, que foi casada com Miller, papel entregue à Maria Della Costa. Dirigida mais uma vez por Flávio Rangel, seu desempenho como Maggie/Monroe é aclamado por público e crítica, e sua presença magnetizante em cena assemelha-se à imagem glamourosa e sofrida da personagem real. Google)

Grande dama do teatro, Maria também atuou no cinema e na televisão. Participou das telenovelas Beto Rockfeller, Estúpido Cupido, Te Contei e Sétimo Sentido e dos filmes nacionais Inocência, A Vida do Aleijadinho, Moral em Concordata e O Signo do Escorpião. Com o diretor italiano Camilo Mastrocinque filmou Areião. 

II

Os textos acima por certo interessarão leitores que gostam de teatro, ou mesmo a quem já assistiu a alguma peça desta gaúcha, dama do teatro, o que não foi o meu caso. 
Conheci Maria Della Costa por acaso, isto sim! Eu trabalhava no setor de contabilidade na firma onde meu pai fora vice-diretor por muitos anos, o Curtume Julio Hadler, em Pelotas-RS. E certo dia, por deixar meu setor que sabe para tomar um cafezinho, vi no balcão esperando ser atendida Maria Della Costa, a quem reconheci imediatamente. Conduzia-a e ao seu acompanhante à "expedição", que expedia couros para o Brasil inteiro, inclusive para os bancos dos carros da Willys Overland do Brasil, em São Bernardo do Campo-SP. Mas Maria estava interessada em comprar tapetes de couro, que eram expostos e vendidos no mesmo setor do curtume. Mostrei os de gado holandês e de gado Hereford, mas quando soube do preço, achou-os muito caros e acabou desistindo de comprá-los. Como nunca fui "vendedor", certamente faltou-me argumentos para convencê-la a fazer a compra. Quem sabe se outro funcionário a tivesse atendido...


Lembrei-me deste episódio que relatei quando, no ano passado, vi curiosamente, não no chão, mas no teto de uma churrascaria argentina em Amsterdam, um desses couros que tínhamos em casa e que eram vendidos no "curtume". 


Na última vez em que estive na minha terra natal, fiz uma longa caminhada nostálgica e cheguei à "carcaça" do que foi o imponente Curtume Julio Hadler S/A, firma onde trabalhou meu avô, tios-avós, meu pai - que de office-boy chegou a sub-diretor - e mesmo eu, meu irmão e minha irmã, que trabalhamos no escritório. O curtume foi também alvo dos vândalos durante o quebra-quebra contra firmas alemãs durante a Segunda Guerra, acarretando-lhe grandes prejuízos, acontecimento que meu pai presenciou e nos contava em detalhes, aguçando a minha curiosidade infantil, talvez por ter nascido em 1943.

III




Quando nos casamos, em 1973, tive o meu primeiro aparelho de televisão, que minha noiva trouxera com sua bagagem dos Estados Unidos, dela, realmente, mas no casamento "juntamos nossos trens". Nomeados para trabalhar no ES, na fria cidade portuária de Rio Grande-RS, instalamos nossa TV no quarto e assistíamos aos programas debaixo das cobertas. Até hoje me lembro, rindo, do "controle remoto" que fiz com o auxílio de dois cabos de vassoura emendados, para evitar sair da cama para mudar de canal. Lembro-me de que a novela "Estúpido Cupido" foi mostrada pela Rede Globo, em preto-e-branco, começando no ano de 1976. Foi a vez de rever Maria Della Costa como uma mãe e dona de casa da década dos anos dourados da década de 50 (Veja o link abaixo as famosas Lambretas da época).
Meu cunhado contava-me que a novela, que fez muito sucesso, teve tomadas de cena na sua linda cidade, Lins-SP, que tenho visitado perto de 15 vezes - também ultimamente sempre que vou ao Brasil - pois é a cidade onde mora minha irmã, casada com um linense.

IV

Outro irmão viveu muitos anos em Parati-RJ e o visitei algumas vezes.


Em 1992, Maria Della Costa abandonou a carreira para administrar seu hotel, o "Coxixo", em Parati (RJ). Na última vez em que estive em Parati, minha esposa e eu decidimos "dar uma espiada" na pousada de Maria, com pena de não a ter encontrado para cumprimentá-la na ocasião. 



Assim, admirei-me ao ler um dia: "A atriz Maria Della Costa acaba de vender o Hotel Coxixo, em Paraty, por R$ 2 milhões – precinho de cidade grande! A pousada sempre foi considerada uma das mais simpáticas e charmosas do local."


Maria em foto do acervo do Hotel "Coxixo".

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L i n k s



A propósito de Lambretas e Copa do Mundo, acontecendo no Brasil enquanto faço esta postagem, insiro a foto do popular veículo dos anos 50 com figurinhas de jogadores coladas, da loja COPA, de Amsterdam, nas proximidades da Churrascaria Argentina citada anteriormente.

http://www.paulofranke.blogspot.fi/2012/06/lambretas-vespas-motos-hold-on-your-hats.html

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Próxima postagem:

Mais uma ligada ao assunto Copas do Mundo (veja à direita ao acessar o blog as já publicadas).

4 Comments:

  • Dindo, também visitei o Coxixo na primeira vez que fui à Paraty...
    E deve ser a influência familiar que me faz gostar tanto de um couro no chão! O que eu tinha se acabou... preciso comprar outro para a sala... E uns pelegos para a beira da cama...

    By Blogger Luciana, at sexta-feira, junho 27, 2014 5:31:00 PM  

  • Quantas lembranças boas!!! Ótimo escrito!!! Beijos Paulo querido..

    By Anonymous Clarisse Franke Avila, at sexta-feira, junho 27, 2014 6:31:00 PM  

  • sim, achei bem interessante a postagem; um dia no Clube União em Poa, eu a conheci pessoalmente, o pai e a mãe estavam comigo, aliás isto não faz muito tempo, pois eu tinha 16 anos!!!hehe... bjss

    L.B.

    By Blogger paulofranke, at segunda-feira, junho 30, 2014 12:16:00 PM  

  • Lembro-me dela, visitei sua pousada em Paraty, um mimo. Eu também pensei que iria encontra-la, mas não deu certo!
    Gosto dos tapetes de couro; quando morei no Sul comprei um grande para sala, dois pelegos azuis para a beira da cama e uma almofada vermelha para o sofá.
    Tenho uma foto sua, no seu quarto quando no colégio, com um tapete de couro entre sua cama e a escrivaninha - você deve ter essa foto também!
    Enfim, ultimamente temos nos despedido de grandes atores que deixarão saudades e, Maria Della Costa se perpetuará entre esses grandes!

    By Blogger Yara, at domingo, janeiro 25, 2015 11:47:00 PM  

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