Paulo Franke

01 agosto, 2014

O "Santo e o Anjo"... no Campo de Concentração de Auschwitz.


A foto acima pode ser curiosa, mas já explico ao caro leitor do meu blog... 

Corria o ano de 1985 e eu até com certo pesar concluía o meu primeiro termo na função de editor do jornal salvacionista "Brado de Guerra - contra todo o mal", após quatro anos e meio, na nossa sede nacional na Brigadeiro Luiz Antonio, 1573, em São Paulo.
 Tomava o meu lugar o colega inglês, 
Christopher Francis Parker. 

Um dia, no início do ano seguinte, nos chegou pelos correios, do Brasil para os EUA, aonde fôramos nomeados,  a encadernação do jornal do ano de 1985, presente que guardo com carinho até hoje, com a dedicatória do office-boy da época, naquele tempo meu jovem amigo Celso Swartele Mello.

Ontem, folheando-a, percebi que o último jornal, da segunda quinzena de agosto de 1985, trazia minha foto e de minha esposa, responsável no departamento por traduções, e nossos últimos artigos publicados. A edição seguinte, da segunda quinzena de agosto de 1985, no primeiro jornal do colega Parker, trazia esta preciosidade de artigo .
Eu conhecia, pelo menos superficialmente, a história que ele conta de ambos os homens, mas achei muito interessante a forma como a publicou.

É uma postagem imperdível, aviso o leitor que porventura esteja hesitante se vai lê-la ou não... Leia-a e se sentir divulgue-a a algum amigo que precise ler esta mensagem oportuna e urgente.

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Ele nasceu na Polônia e, quando era menino, por sinal, seu comportamento não era dos melhores, porque, certa ocasião, sua mãe, quase em desespero, disse para ele: "O que será de você quando for homem?" Felizmente ele levou esta repreensão a sério e foi para a pequena igreja na aldeia onde morava para orar, esperando que talvez Deus mostrasse para ele o que seria seu futuro.

Ali, perante o altar, ele teve uma visão em que um ser celestial apareceu com braços estendidos, segurando uma coroa em cada mão. Uma era branca, significando a pureza, e a outra era vermelha, significando o martírio.

"Escolhe", disse uma voz. "Eu aceitarei as duas", ele respondeu. Anos depois, ele se tornou sacerdote e entrou na ordem franciscana. Foi enviado para Roma, mas ele almejava ser um evangelista, espalhando a Palavra de Deus. Ele até formou um novo grupo de franciscanos chamado "A milícia imaculada", cujo lema foi "Amor sem limites".

O santo viver era seu grande alvo, e escreveu: "Ser gênio não é para qualquer um, mas o caminho de santidade está aberto para todos. O santo viver é um simples dever - segundo o ensinamento de Jesus."

Ele tinha o dom de organização. "Você não pode trabalhar direito se você está preocupado ou ansioso", ele disse. "Uma pequena oração possivelmente resolverá a situação e, pelo menos, vai acalmá-lo. Certamente Deus não vai fazer o trabalho para você."

Ele teve bastante sucesso em jornalismo. Seu jornal teve a maior circulação na Polônia. Ele também redigia uma revista mensal. 

Em 1930 foi para o Japão a fim de estabelecer uma nova missão e uma gráfica em Nagasaki. A polícia infiltrou um agente secreto dentro da organização como espião. Mas ele ficou tão impressionado com a vida deste sacerdote e de outros irmãos que o japonês confessou que era espião e foi batizado na fé cristã. 

De volta à Polônia quando a Segunda Guerra Mundial começou, em 1939, por algum tempo abrigou judeus que fugiam dos nazistas, até ser traído, capturado e preso num campo de concentração. 

Lá foi submetido ao trabalho mais duro e árduo. Vez após vez, recebeu pontapés no rosto ou no estômago, dos guardas da SS, e uma vez foi sentenciado a 50 chicotadas.

Frequentemente doente, ele chamava seu próprio sofrimento de "O fogo que purifica tudo". Todavia, continuou atendendo com ternura aos outros doentes e necessitados. "Procuro colocar-me no lugar deles", dizia. 

Muitas vezes ele deu a sua própria comida para outros e usou sua pequena ração de pão para o pão sacramental nos encontros que ele dirigia entre os prisioneiros. Alguém que sobreviveu disse: "Ele era uma pessoa bastante positiva. Fazia bem para mim especialmente estar com ele." 

Seu ato final de autosacrifício foi apenas uma parte de santidade de uma vida inteira. Aconteceu quando um prisioneiro escapou e o SS ordenou represálias. Mandaram todos os prisioneiros ficarem numa fila, e dez homens foram escolhidos e condenados a morrer na "cela da fome". Um dos homens era sargento do exército polonês, casado e com filhos e contou depois: "Angustiado, eu gritei algo sobre a minha pobre esposa e filhos e, naquele momento, este homem que estava ao meu lado saiu da fila e, explicando que era sacerdote, perguntou ao oficial nazista se ele podia tomar o meu lugar. Ele tentou até beijar a mão do oficial. 

Foi o maior milagre porque ele poderia ter morrido na hora, ou fuzilado ou com os pontapés de pesadas botas nazistas. É difícil dizer como eu me senti naquele momento. Eu estava condenado à morte, mas alguém, de livre e espontânea vontade, ofereceu sua própria vida em lugar da minha." 

Então o sacerdote foi marchando para a cela da morte com os outros nove prisioneiros. 

Um por um, seus companheiros morreram de fome, mas ele permaneceu lúcido, orava com cada um e fazia todo o possível para aliviar seus sofrimentos em suas últimas horas. Finalmente os nazistas mandaram um médico entrar na cela e matar, com uma injeção, aqueles que que ainda estavam vivos. 

O sacerdote foi o último a morrer. Com um sorriso ele ofereceu seu braço emaciado para o médico. 

Seu nome? MAXIMILIAN KOLBE, mas ele é lembrado por aqueles que conseguiram sair do inferno daquele campo de concentração, como: 

O SANTO DE AUSCHWITZ.


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Ele nasceu na Bavária, Alemanha, filho de uma família afluente, que era dona da indústria principal da cidade. Ele dominou seus estudos com facilidade impressionante e, com vinte e cinco anos de idade, já era doutor em filosofia e medicina. Ele falava fluentemente o latim e o grego.

Quando a Segunda Guerra Mundial começou, ele decidiu que a melhor maneira que poderia servir seu país seria como médico no exército alemão, e foi enviado para um campo de concentração como médico em chefe. 

Em pouco tempo, este jovem médico, sempre cortês e impecavelmente vestido, tinha feito sua terrível marca ali.

Disse uma testemunha: "Na sua presença, até os guardas da SS ttremiam."

Cada vez que os vagões cheios de prisioneiros chegavam ao campo, ele estava ali, sempre de luvas brancas e com as botas brilhando e, com um gesto de quase indiferença, mandava alguns pra o trabalho forçado. Os velhos, doentes ou defeituosos, ele mandava para as câmaras de gas. Outros eram enviados para o seu laboratório especial, onde eram submetidos a experiências desumanas de genética e depois exterminados. Tem sido calculado que ele foi responsável pela morte de mais de 400.000 homens, mulheres e crianças.

Um fugitivo caçado por quarente anos por aqueles que buscam ou a justiça ou a vingança, com o preço de mais de vinte bilhões de cruzeiros sendo oferecido pela sua captura, e vivendo continuamente com medo de seus muitos inimigos, ainda podia afirmar para um conhecido que ele não tinha a mínima razão de se justificar, muito menos de pedir desculpas. Não tinha nenhum sentimento de culpa.
Ainda podia falar em termos de "vidas inúteis que devem ser eliminadas".

Ele morreu - aparentemente - sozinho, numa linda praia do Brasil, longe do lugar que tem sido descrito como "a expressão mais concentrada da maldade humana na história da civilização". 

Seu nome? JOSEF MENGELE, mas ele é lembrado, por aqueles que conseguiram sair do inferno daquele campo de concentração, como 

O ANJO DA MORTE DE AUSCHWITZ.


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E Christopher Francis Parker, meu sucessor no departamento editorial naquele ano, conclui seu artigo desta forma:

"Como pode a luz conviver com as trevas?", pergunta o apóstolo Paulo na segunda carta aos Coríntios (6:16). Parece impossível, mas o impossível aconteceu, pelo menos uma vez - em Auschwitz.

C.F.P.

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L i n k s

O leitor interessado em saber mais a respeito de ambas as pessoas descritas acima e de suas obras - santa e maligna - poderá acessar o Google.com e tomar conhecimento inclusive do que foi escrito sobre eles também em livros e mostrado em filmes.

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Quando visitei Auschwitz:

http://paulofranke.blogspot.com.br/2006/08/campo-de-concentraco-de-auschwitz.html


5 Comments:

  • Muito bom, Paulo !
    Fiquei com a impressao de que ja' havia lido estas informacoes, talvez em formato diferente. Em alguma de tuas postagens, claro. Uma historia para mostrar como o homem vai de um extremo a outro...
    Um abraco!

    By Anonymous Gerson Barum, at sexta-feira, agosto 01, 2014 2:51:00 PM  

  • Gerson, publiquei, sim, mas em uma rápida pincelada sobre o Maximilian. Esta é bastante substancial, também o paralelo inteligente que meu colega inglês colocou entre os dois.
    aBRaco,
    Pf

    By Blogger paulofranke, at sábado, agosto 02, 2014 11:52:00 AM  

  • Sabe que evito ler relatos sobre o sofrimento dos judeus. Resolvi ler este, e mais uma vez a dor dos que sofreram pareceu tomar-me. Não consigo evitar de colocar-me na pele dos que lá estiveram e imaginando o quanto sofreram! Ao final, palpitações e olhos lacrimejando, mas encantada com esse Santo Anjo, sentindo-me insignificante diante de tanta merecida honraria aos olhos de Deus!

    By Blogger Yara, at sábado, agosto 02, 2014 6:11:00 PM  

  • Celso Swartele
    São Paulo-SP

    Boa história e que legal você ainda ter guardado a encadernação de 1985 com dedicatória minha. Boas lembranças da época que trabalhamos juntos. um forte abraço a você e sua esposa.

    By Blogger paulofranke, at terça-feira, agosto 05, 2014 7:30:00 PM  

  • ótima postagem meu amigo, mais uma história que conheci através do seu maravilhoso blog.

    By Anonymous evelize cristina, at quarta-feira, agosto 06, 2014 2:26:00 AM  

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