Paulo Franke

03 outubro, 2014

7. Dover-Calais, DUNKERQUE e, em Paris, forró!!...


Naquele sábado eu estava em Dover, no sudeste da Inglaterra, para prosseguir minha viagem, agora por terras francesas.


A travessia do Canal da Mancha no sentido sul-norte já havia sido feita, quando viajamos de navio da cidade de São Francisco do Sul-SC até Oslo, na Noruega - e depois Finlândia - em 1989. Gosto desta foto que mostra meu filho observando os tantos navios que atravessavam de Calais a Dover e vice-versa, no movimentado Canal.


Agora eu fazia a mesma travessia, no sentido leste-oeste, de Dover a Calais.


Lutando contra o vento no convés, as bonitas montanhas de Dover ficavam pra trás.


Pena os vidros embaçados do navio...


...impedindo que boas fotos fossem tiradas... Ir para o convés seria enfrentar um vento muito forte e frio do que eu não estava a fim.


E depois de 02h20min de travessia, eu chegava a Calais.


A magnífica prefeitura da cidade vista de um ponto de ônibus em Calais.


Tendo embarcado em um ônibus urbano, pude tirar uma foto mais ampla. Comentando sobre a beleza do edifício com um francês, em resposta ele fez uma crítica ácida, acho que ao governo, o que me fez silenciar.


Eu estava exatamente nesta região, de um antigo mapa do tempo da Segunda Guerra, aliás o meu interesse em conhecer Dunkerque (ver links).



A viagem de Calais a Dunkerque foi feita em um ônibus urbano, pinga-pinga, levando cerca de mais de duas horas. Não mais turistas a não ser eu, assim fui observando o povo da região e sua cultura, que de certa forma achei um tanto parecida com a do Brasil. Gosto de nas minhas viagens misturar-me ao povo do lugar, o que já fiz em diversos lugares. Quem sabe eu estava com descendentes de pessoas que participaram da gloriosa Resistência Francesa?
O meu enferrujado idioma francês precisou ser usado aqui e ali, pois muitos passageiros, com quem precisava comunicar-me às vezes, não falavam o inglês. A viagem naquela primeira etapa custou somente € 1.00, o que me admirou muito (na nossa cidade uma distância curta de ônibus custa € 3.30!). Em certo lugar precisávamos trocar de ônibus que continuaria viagem até Dunkerque e paguei mais € 1.70 euros e quando comentei como podia ser tão barato, outro francês resmungou que era "muito cara"...! Mas foi interessante e até pitoresco ver pessoas do lugar com suas roupas novas naquele sábado tomar e descer do ônibus. De fato, tão perto da Inglaterra mas eu estava em uma cultura completamente diferente. Assim cheguei a Dunkerque (escrita como eles a escrevem, com k e q).


Tudo que eu precisava era de um hotel, assim, chegando, apontaram-me para um perto da estação ferroviária, que, apesar do nome de outra região da França que não aquela, agradou-me depois de noites passadas em trens ou ferry-boats.


A cortina do meu quarto contava que eu me encontrava no terceiro porto da França, em um local que foi palco de importante episódio da Segunda Guerra Mundial. Pena que à hora em que cheguei o museu da cidade já estava fechado.


No domingo cedo, cidade vazia - a não ser com o barulho de jovens que haviam saído de suas festinhas - eu quis conhecer a praia ligada ao grande episódio da guerra que, para conhecimento do leitor, deverá ser consultado nos links abaixo da postagem.


 Tudo deserto e eu e meus pensamentos...


... e também muitas gaivotas.


Registro de eu que pisara em Dunkerque, como muitos soldados valentes do tempo da guerra no meio da qual nasci, em 1943, felizmente do outro lado do mundo.


A foto para lembrar do filme-documentário de meu pai, "Nas areias de Dunkerque".


Bandeiras da França e de Dunkerque ao sabor do vento.


O restauante em sua decoração lembrando o evento histórico.


 Voltando ao hotel novamente de ônibus, constatei a superioridade dos prédios do governo em contraste com os demais.


Do ônibus não pude fotografar o grande monumento, só o que estava escrito.


Hora de fazer o check-out do hotel, mas ainda com tempo de tirar umas fotos do hall, que mostravam...


... que Dunkerque, pelo seu local estratégico, fora palco de outras guerras mais antigas.


Uma última foto do hotel, simples mas interessante e, o principal, que me provera de um bom sono, bom banho e bom café da manhã.


À la Gare de Chemin de Fer... maintenant avec destinación a Paris... 02h15min de duración! (o barbudo à porta não sou eu)

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Na viagem de trem a Paris fiquei pensando no quanto havia sido interessante, ainda que rapidamente, conhecer o interior norte da França! Nas quatro vezes anteriores em que visitara Paris eu estava entre milhares de turistas e ávido por ver atrações turísticas, identificando-me com gente do mundo inteiro. Agora tomava conhecimento da cultura, do povo do interior, do seu jeito mais pacato e com salpicos de história da guerra, que enfrentaram galhardamente contra os nazistas.


No meu plano havia outras duas escalas no interior da França: no hotel da atriz Leslie Caron em um lugar perto de Dijon, plano que foi abandonado por saber que ela o vendera em 2009... E Cambon-sur-Lignon, uma cidadezinha cujos habitantes esconderam judeus durante a guerra, outro plano deixado de lado ao ser informado em uma estação de que lá não passava trem... (veja link para a história desta heróica cidade francesa).
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Chegando à Estação Du Nord em Paris depositei minha bagagem em um locker/maleiro e fui passear em uma estação próxima do metropolitan Republique. Como era domingo e dois dias adiantados do check-in no hotel do Armée du Salut (ES), que me hospedaria, sentado nesta praça decidi refazer o meu plano de viagem... indo direto para Mônaco e então para a Itália, precisamente Pompéia, para voltar a Paris no dia em que combinara chegar ao hotel mencionado (conto em próximas postagens a razão pela qual não me foi possível voltar à França...).



No centro da praça da Republique está a estátua de bronze dedicada à Terceira República, que foi criada em 1870 e em cuja homenagem a praça foi nomeada. A estátua foi criada pelos irmãos Morice, entre 1880 e 1883.

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Estava, enfim, em Paris, conhecida de outras vezes (veja link da última vez que que estive lá com meu neto). Até que estava gostando do lugar, sentado ao lado de outras tantas pessoas, turistas ou não, pais com seus filhinhos, naquela tarde bonita de domingo à frente do chafariz que circunda a bela estátua... 
Foi então que ouvi algo um tanto familiar no ar...  seria mesmo? Então vi um grupo de brasileiros ensinando turistas e franceses a dançarem  forró, com a música explodindo em um alto-falante. E parece que os que dançavam estavam gostando muito, mesmo sem entender a letra do forró, que captei ao longe: "Meu chapéu de cangaceiro é de couro cru"... 
O forró acabou por silenciar as melodias antigas de que eu me lembrava e que costumava cantar passeando por Paris... "Mesmo estando só eu me sinto feliz, cantando a canção que embala Paris"... "Com o pobres de Paris aprendi uma lição, a fortuna encontrei em meu coração"... "La vie en rose"... "Douce France, chèr pays de mon enfance"... melodias francesas que faziam sucesso nos anos 50 no Brasil!

Almocei em um restaurante tipo "kebab", comprei uma tesourinha 
(€ 13.00), procurei um Internet Café e achei, por € 1.00 a meia-hora e  ah! comprei um par de meias (€ 2.00). Programinha bem simples, mas visitar locais históricos onde nunca eu estivera, inclusive a famosa Normandia, ligada ao Dia-D, ficaria para a volta, também a masmorra de Maria Antonieta, o interior de L'Opera e também o Museu da Aviação, no Le Bourget... Tão certo de meu retorno estava que deixei a câmera no locker na estação.



Uma página do meu álbum da primeira InterRail, em 2001. Numa tarde de domingo em Colmar, leste da França, tomando um sorvete chamado Brasil.
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L i n k s

Filmes e documentários sobre "Dunkirk", 

procure no YouTube.com


Entendento melhor Dunkerque, palco da Segunda Guerra Mundial:





Um dos filmes sobre o episódio.

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Chambon-sur-Lignon, a cidade francesa que escondeu judeus durante a Segunda Guerra:

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A última vez que vi Paris pra valer (basta clicar):

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Próxima postagem:

Pela primeira vez no Principado de Mônaco (e Cannes)



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